Gestores e especialistas em segurança pública de oito países estão reunidos em Porto Alegre para discutir políticas públicas que levem a redução da violência e da criminalidade em estados e países, principalmente da América do Sul e Caribe. Começou na manhã desta segunda-feira (18) no Hotel Plaza São Rafael, o Diálogo Sub-Regional de Política de Segurança Cidadã promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em parceria com a Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do Estado. 

Representando o governador Tarso Genro, o secretário da Justiça e dos Direitos Humanos, Fabiano Pereira, falou, na abertura, sobre o Programa RS na Paz, desenvolvido de forma integrada e transversal entre diversas secretarias do Estado em territórios com os maiores índices de homicídios. "É um conjunto de polícia comunitária e ações sociais para a juventude. Os jovens são os maiores perpetuadores de violência, os que mais morrem e os que mais matam no nosso Estado. Por isso, o governador Tarso Genro criou o RS na Paz, que tem nos trazido resultados significativos", disse Fabiano. 

Dentro do programa, o secretário destacou os centros POD Juventude, espaços de educação, lazer e oficinas profissionalizantes que já funcionam nos bairros Lomba do Pinheiro e Santa Tereza, na Capital, e o POD Socioeducativo, que, em 2012, reduziu para 9,5% a reincidência de jovens egressos da Fase que participam do programa. Fabiano ainda defendeu a troca de experiências com os demais países representados. "Vamos aprender muito nesse evento e somar esforços e dar as mãos para enfrentarmos a criminalidade a partir das nações de cooperação internacional", concluiu. 

Coordenador do RS na Paz, o secretário da Segurança Pública, Airton Michels, disse que depois do problema das ditaduras e da grande inflação no século passado, o tema desse século é a segurança pública. "A tese de que o problema da violência se resolveria com os problemas sociais não se confirmou. A segurança é uma questão que ainda não conseguimos resolver", afirmou Michels. 

Daniela Marquis Carrera, que representa o BID no Brasil, defendeu a recuperação da crença na polícia. Segundo ela, 70% dos brasileiros não acreditam na instituição. "O desafio da imagem é um fator crítico para a redução da violência", afirmou. Segundo ela, uma solução seria difundir as melhores práticas adotadas a controlar delitos e o financiamento de projetos inovadores em territórios onde a criminalidade se concentra. 

Daniela classificou o Brasil como um dos países prioritários pelo BID por concentrar a elevada taxa de homicídio de 27 por 100 mil habitantes e a maioria dos crimes serem com jovens de 15 a 24 anos. "Queremos criar um ambiente pacífico e adequado para reduzir a violência e a criminalidade", falou. 

Sinesp 
Ainda na abertura do encontro, a secretária nacional da Segurança Pública, Regina Miki, apresentou o Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (Sinesp), que passará a funcionar daqui a uma semana. O sistema unificará, entre outras informações, as ocorrências policiais dos 27 estados brasileiros, possibilitando que a secretaria e o Ministério da Justiça tenham dados corretos dos delitos e possam avaliá-los por estado. 

Segundo ela, a instalação do sistema passou por três etapas: a política - na qual foi criada uma lei federal que obrigasse os estados a fornecerem dados para a troca de informações entre eles; a etapa metodológica - que definiu uma maneira única de registro de ocorrência; e a etapa tecnológica - em que o governo federal fez convênios para que os estados comprassem computadores e informatizassem as ocorrências. "Esse sistema cruza dados de imóveis, de trânsito, da Receita Federal, da Previdência. Os investigadores podem conversar online, buscando o enfrentamento das transações criminosas. Se os estados alimentarem o sistema de maneira correta, vamos inaugurar uma nova era da segurança pública no país", planeja Regina Miki. 

A troca de experiências sobre segurança cidadã continua na tarde desta segunda e na terça-feira (19), durante todo o dia, com representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, na Colômbia, na Argentina, nos Estados Unidos, no México, no Panamá, na Colômbia e no Paraguai.