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A nobre tarefa do Bolsa Família

Publicação:

Por Carla Saraiva - Diretora do Departamento de Assistência Social da Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social do RS

Mais de 70% das pessoas que recebem Bolsa Família trabalham. Portanto, receber esse auxílio não é sinônimo de  desocupação, de ócio, de malandragem, de vagabundagem como se diz no português sem rodeios. Além disso, é uma forma de fazer com que os pais e os municípios cuidem de suas crianças, zelando pelas condicionalidades da saúde e educação: pesagem, vacinas, frequência escolar.

O grande problema do Bolsa Família creio que seja a corrupção, que faz com que alguns recebam sem haver necessidade e, portanto, é uma questão de fiscalização. Quando destinada para sua finalidade, isto é, transferir renda às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país, trata-se de um instrumento fundamental às famílias que não têm acesso a serviços básicos, como educação e saúde, e também não desfrutam de uma alimentação saudável e segura.

Deixo, aqui, a reflexão proposta pelo secretário do Trabalho e do Desenvolvimento Social do RS, Miki Breier (PSB): “Por que somos, na esmagadora maioria, favoráveis a dar isenções milionárias às fábricas de automóveis por mais de 30 anos, por exemplo, sendo que as mesmas ficam sem pagar impostos que mantêm nossos serviços essenciais? E, ao mesmo tempo, esses mesmos são resistentes em complementar com R$ 70 a renda de uma família para que ela mantenha uma criança ou adolescente por 14 anos de modo que consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza?”.

Investir em quem tem muito, para que acumulem cada vez mais é uma incoerência, um desserviço à sociedade. Em todo o Brasil, o Bolsa Família beneficia cerca de 14 milhões de famílias. São em torno de 50 milhões de pessoas que certamente têm parte de suas dificuldades reduzidas, sendo que as crianças são brindadas com maiores possibilidades, frequentam os Centros de Referência em Assistência Social (CRAS’s), afastando-se das drogas e da violência diárias que assolam nossas comunidades.

Lembro, por fim, que retirar recursos do Bolsa Família ou de qualquer área da assistência social significa ceifar esperanças, liquidar futuros, tirar daqueles que menos tem, daqueles que do ponto de vista das oportunidades são invisíveis para a sociedade. É preciso investir na fiscalização do programa, mas jamais eliminá-lo. Combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional revela a nobre tarefa do Bolsa Família.

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