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Governo do Estado assina decreto que institui a integração religiosa

Anúncio foi feito no 1º Congresso do Fórum de Convivência Inter-Religiosa do Rio Grande do Sul, realizado ontem

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Apresentação das religiões. Mulher dança ao som da música.
Apresentação das religiões - Foto: Giovanni Disegna/Ascom SJCDH
Por Giovanni Disegna e Jéssica Moraes / Ascom SJCDH

O Governador Eduardo Leite assinou o decreto que institui o Fórum de Convivência Inter-Religiosa do Estado do Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito nesta terça-feira pelo Secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Mateus Wesp, durante o 1º Congresso do Fórum de Convivência Inter-Religiosa do RS, que aconteceu na PUCRS.

“Nosso papel é fomentar políticas públicas que além de efetivas para o cotidiano, ofereçam paz e acolhimento para quem mais precisa. Que possamos viver em uma sociedade em que todas as pessoas tenham espaço e liberdade para exercerem suas crenças”, destacou Wesp.

A publicação consta no Diário Oficial na data de 14/08 e conforme o texto, “fica instituído o Fórum de Convivência Inter-religiosa do Estado do Rio Grande do Sul - CONVIR-RS, ligado à Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH, com o propósito de promover uma cultura de paz, de diálogo e de entendimento, bem como de fortalecer a cidadania e o respeito aos direitos humanos no Estado”.

O 1º Congresso do Fórum de Convivência Inter-Religiosa do Rio Grande do Sul (Convir-RS) ocorreu durante toda a terça-feira. A iniciativa promovida pelo Estado, por meio da SJCDH, reuniu, pela primeira vez na história, diversas lideranças religiosas em um único evento.

Na abertura do evento, o Diretor-Geral da Secretaria de Educação (SEDUC), Paulo Burmann, saudou a iniciativa e considerou que o Convir deve ir para dentro das escolas, nas aulas de Ensino Religioso. Já o Coordenador do Curso de Bacharelado em Direito da Escola de Direito da PUCRS, Elton Somensi, falou que é uma honra de poder sediando o primeiro de muitos congressos. “Hoje é um dia especial para a instituição, é o dia do Marista, um dia festivo. É muito significativo ter essa atividade aqui, uma vez que os valores que são buscados em conjunto nessa atividade são valores institucionais de diálogo, cultura de paz e convívio inter-religioso”, frisou.

Direitos Humanos são foco de primeiro debate

O primeiro painel da manhã contou com a mediação da Subsecretária de Direitos Humanos, Inclusão, Igualdade e Fraternidade da SJCDH, Marcia Scherer. O tema abordado foi: Direitos Humanos, Princípios e Valores.

Em sua explanação, a Pastora Cibele Kuss, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic-RS), falou sobre como cada grupo e instituição deve se sentir responsável pelas suas escolhas e como a consciência e a capacidade de desenvolver encontros e empatia pelo outro é um reflexo dos Direitos Humanos em um ambiente plural e democrático.

Já Lea Duarte, da Federação Espírita do Rio Grande do Sul (Fergs), palestrou sobre filosofia, ciência e religião. Ela também explicou que no espiritismo, “o olhar para o outro em humanidade vai além das características físicas. Não temos dogmas, ritos exteriores ou símbolos. Nosso modelo e guia é Jesus e sua moral. Com essas premissas transitamos na garantia dos direitos das pessoas naquilo que nos une”, pontuou.

Ìyálòrìsá Marli D'Sàngó, do Candomblé Ketu e das Mulheres de Àse do Brasil, de Guaíba, endossou os impactos entre a vida e a morte. Para ela, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é de suma importância pois aborda o valor da vida: “a declaração fala em vida, e quando fala em dignidade aborda o direito de morrer. Quando falo em morte, falo no direito do corpo já sem vida ser enterrado e os ritos fúnebres serem respeitados”.

Suzana Graeff, da ONG Brahma Kumaris, palestrou sobre meditação e como há várias formas de entender o mundo são necessárias e devem ser respeitadas. “O Convir nos reúne, coloca todos juntos para trocar energias e isso é precioso”, comentou entusiasmada.

O segundo painel da manhã aconteceu após uma apresentação de dança tibetana e foi mediado por Sanny Figueiredo, diretora do Departamento da Igualdade Étnico-Racial da SJCDH. O foco foi Religião, Identidade e Temas Atuais.

Durante o painel, o Rabino Guershon Kwasniewski, da Sociedade Israelita Brasileira (Sibra), também saudou o Convir e a iniciativa do Estado. “O Rio Grande do Sul está em festa, acordamos para as religiões. Consolidamos o Convir como órgão permanente e o decreto nos coloca em outro patamar. É um privilégio viver em um Estado que respeita a diversidade”. Na sequência, o Rabino falou sobre os vínculos das pessoas com a religião.

Também palestraram nesse painel: Lama Sherab, do Templo Budista Khadro Ling, de Três Coroas; Bispo Humberto Maiztegui, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB); Padre Heitor Di Domenico, da Igreja Católica; e Minou Steiger, da Fé Bahai.

Cidadania e educação marcam os debates da tarde

Durante a tarde foram realizados outros dois painéis. O primeiro abordou os temas de cidadania e educação. A Secretária Adjunta de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), Caroline Moreira, mediou a conversa. Ela enalteceu a importância do diálogo com respeito que os líderes religiosos compartilham e também destacou o que é religião para ela.

“A religião tem um lugar para mim especial. Ela vai te chamando, ela te convida para ser um lugar de centro, de base, de conforto, de segurança dentro de cada um de nós. Então, para além de todas as questões que estamos falando aqui, de diferentes cunhos religiosos, nós temos que sentir essa energia e onde nosso coração se conecta”, disse.

Patrícia Britto, da Umbanda e do Conselho Estadual da Umbanda e dos Cultos Afro-Brasileiros do Estado (Ceucab/RS), enalteceu o papel da educação, seja ela nas escolas ou até mesmo nas famílias para que não sejam alimentadas nas crianças e nos adolescentes a intolerância religiosa, ainda reforçou que a espiritualidade é algo individual. “Não existe uma religião magna, uma melhor religião dentre as opções. O que existe é religião que nos preenche por dentro de cada pessoa. Todos nós temos a nossa individualidade, nossos elos interiores que nos conectam a espiritualidade”, afirmou.

O Babalorixá Mozart de Iemanjá, do Batuque Afro-Gaúcho e da Federação das Religiões Afro-Brasileiras (Afrobras) contextualizou cultura afro-brasileira e o quão recente é a abolição da escravatura no nosso país. Além disso, ele frisou como a educação é o único caminho para que o futuro seja mais inclusivo. “Somente por meio da educação dos mais jovens deixaremos de ser tolerados para sermos integrados”, diz. “Cada terreiro de batuque é um polo de resistência de luta como trabalhadores que somos da herança religiosa ancestral”, afirmou. Também participaram do painel o Pastor Mauro B. de Souza, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB); e a Táta Nedendú, do Candomblé Congo-Angola, de Viamão.

Entre os dois painéis da tarde aconteceu a apresentação das culturas religiosas Alabês, Ogãs e Tamboreiro e Coral cristão (IEAB). No último painel da primeira edição do evento, o debate foi em torno do cuidado, sustentabilidade e ações sociais. O mediador do painel foi o Rafael Gessinger, Subsecretário Justiça e Integridade Institucional da SJCDH, e Elton Somensi, coordenador do curso de Direito da PUCRS.

Elton Bozzetto, da Igreja Católica e Arquidiocese de Porto Alegre, enalteceu o respeito entre as crenças para que essa integração seja efetiva no Estado e essa conexão com a espiritualidade pode contribuir para que as pessoas coloquem em prática essa cultura de sustentabilidade. “Não existe sustentabilidade sem pensarmos no conceito ambiental, pois eles se comunicam, se fecundam e tudo está interligado. Somos todos um só, toda criação, e quando somos, de fato, todos um só temos que ter o respeito com tudo que é criado”, afirmou. Além deles, participaram do painel: Cacica Gãh Té, da Etnia Kaingang; Enilton Bitencourt, da Assembleia de Deus; e o Pai Tito de Xangô, do Centro Africano Xangô Agodô.

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