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Jovem aprovada para Direito no vestibular da UFRGS relata influência de Centro da Juventude em sua trajetória

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A moradora da Lomba do Pinheiro foi aprovada em segunda chamada no vestibular e vai iniciar os estudos em 2023/2
A moradora da Lomba do Pinheiro foi aprovada em segunda chamada no vestibular e vai iniciar os estudos em 2023/2 - Foto: Alessandro Sasso

Hellen Fonseca, do Centro da Juventude (CJ) Lomba do Pinheiro, está entre os 98 aprovados para Direito no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) deste ano, na modalidade diurna. A jovem multiplicadora conta que sua vivência no CJ foi fundamental tanto para sua aprovação quanto para o seu interesse em ciências jurídicas. 

Aqui, os educadores me ajudaram desde com a documentação pra fazer a inscrição até a montar cronogramas de estudos e de leituras”, relata a estudante que concorreu com mais de 800 candidatos. Atualmente com 19 anos, ela já desejava trabalhar com Direito desde os 12, e, no CJ, foi onde pôde descobrir a área específica que queria atuar. “No Centro da Juventude me reconheci como cidadã e desenvolvi meu senso crítico e político pra compreender com mais clareza a realidade em que vivo. Então, pude ver que as mulheres de periferia têm muitos de seus direitos negados diariamente e precisam de auxílio jurídico pra garanti-los.”, conclui. 

A trajetória até a aprovação, segundo Hellen relata, foi dificultada pela necessidade de ter que começar a trabalhar enquanto ainda estava no segundo ano do ensino médio. “Nunca pude me dedicar da maneira que eu gostaria aos estudos por conta de ter que ajudar financeiramente em casa”. Porém, num conjunto de compreensão e esforço de sua família, em 2022 ela conseguiu ter mais tempo para se preparar para o vestibular. “Meus pais disseram que se eu precisasse poderia sair do meu emprego, porque eles dariam um jeito de manter nossa casa. Muitas vezes choramos sem saber como iríamos fazer pra pagar alguma determinada conta, então, quando soubemos que eu passei na UFRGS foi emocionante demais pra nós”, relata.

Hellen é jovem multiplicadora do Centro da Juventude da Lomba do Pinheiro
Hellen é jovem multiplicadora do Centro da Juventude da Lomba do Pinheiro - Foto: Alessandro Sasso

A nova estudante de Direito, que garantiu sua vaga a partir do sistema de cotas da Lei nº 12.711/2012, acredita que, enquanto mulher negra periférica, estar presente dentro de uma universidade é imprescindível para que, cada vez mais, a diversidade faça parte desses ambientes. Sinto que é como se todo o meu bairro estivesse comigo, porque desde sempre pensamos que esses lugares não são pra pessoas da nossa realidade. Então, quando vemos uma pessoa com a pele da mesma cor que a nossa, com o mesmo cabelo que o nosso e vindo do mesmo lugar que nós, percebemos que, sim, também podemos estar lá”, ressalta. 

Para que essa representatividade citada por ela aumente cada vez mais, a moradora do bairro Lomba do Pinheiro crê que espaços como o Centro da Juventude sejam fundamentais para esse propósito. “Foi aqui que eu me senti acolhida, aprendi a me aceitar como uma mulher negra de periferia, e compreendi melhor a minha realidade e de todos ao meu redor. Foi aqui também que eu pude ter um bom suporte para estudar e alcançar o objetivo de passar no vestibular. Não tem nada igual aos Centros da Juventude, são realmente espaços incríveis”, conclui Hellen Fonseca. 

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