É com pesar que as Secretarias da Justiça e dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres do Estado lamentam o falecimento de Rose Marie Muraro, ícone do feminismo no Brasil e que deixa uma história de lutas e conquistas para a emancipação e a autonomia das mulheres. Rose faleceu neste último sábado (21), aos 83 anos, em consequência de problemas respiratórios. Ela tinha câncer na medula óssea há cerca de 10 anos.

Rose Marie nasceu praticamente cega, o que a fez lutar desde cedo contra as dificuldades físicas e sociais. Ela era física, escritora e editora. Escreveu ao longo de sua trajetória 44 livros, entre eles: “Os seis meses em que fui homem” (1993), “Por que nada satisfaz as mulheres e os homens não as entendem” (2003). Enquanto editora publicou 1600 obras, entre os anos de 1970 a 1984, trabalhou na Editora Vozes, e, ao lado de seu amigo e colega, o teólogo Leonardo Boff, assumiam a responsabilidade por publicações polêmicas e contestadoras, sendo afastados dos cargos por ordens do Vaticano.

Precursora do Movimento Feminista no Brasil, levou o feminismo a uma amplitude, e ao humanismo. As contribuições enquanto intelectual e militante ficarão para sempre na vida daqueles que lutam por uma sociedade igualitária e justa sem distinção de gêneros. Marie foi a primeira mulher a estudar de forma sistemática a sexualidade da mulher brasileira, partindo do pressuposto de classe social e a situação que se encontra o indivíduo. Trabalhava de forma única e minuciosa, não se delimitou apenas na pesquisa bibliográfica, e para uma melhor compreensão, utilizou a pesquisa de campo. Não considerava a questão do masculino e o feminino como situação de distinção, mas sim a reciprocidade e a construção conjunta, na qual cada um é completo em suas particularidades, mas voltando sempre ao outro.

Rose Marie deixa cinco filhos e 12 netos.