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Relato sobre a fé da pessoa com deficiência marca segunda reunião preparatória do Convir-RS

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Reunião Convir
Reunião Convir - Foto: Giovanni Disegna/Asscom SJCDH
Por Jéssica Moraes / Asscom SJCDH

A segunda reunião preparatória do Fórum de Convivência Inter-religiosa do Rio Grande do Sul (Convir-RS), realizada na tarde desta quarta-feira (22), foi marcada por um relato sobre a fé da pessoa com deficiência. A fala foi feita por Moisés Bauer, Diretor do Departamento da Diversidade e Inclusão, que é uma pessoa cega e não possui a mão esquerda.

Bauer relatou como sofreu o acidente, aos oito anos, que lhe colocou na condição de pessoa com deficiência. “Eu não nasci assim, eu perdi a visão e a mão em uma explosão com dinamite”. O diretor relatou que morava em Praia Grande (SC) e costumava brincar com o irmão e amigos em um terreno abandonado que por muitos anos foi uma garagem da Prefeitura.

“Brincávamos com muitas coisas abandonadas ali. Havia uma sala, onde funcionava um antigo almoxarifado. Em um sábado, 9 de maio, estávamos em cinco crianças: meu irmão de 11 anos, outras três crianças e eu e resolvemos fazer uma fogueira, o inverno estava chegando. Juntamos alguns objetos, quatro tijolos e fizemos fogo. Havia uma espécie de lata de cera com alguns alumínios junto e um pó de serra dentro. Meu amigo levou a lata em cima do fogo para derramar a serragem. No que eu virei a lata e coloquei a mão esquerda, houve a explosão. Aquilo era uma dinamite. Eram espoletas utilizadas para formar banana de dinamite e antigamente eram usadas para estourar rochas. Esse episódio mudou completamente a minha vida”, contou.

Após esse episódio, no qual o irmão também precisou amputar uma das pernas do joelho para baixo, Bauer conta que recebeu apoio de diversas religiões e salienta que nunca teve raiva. “Nunca tive uma postura que é comum em qualquer ser humano, que é a revolta com Deus. Eu sempre ouvia as manifestações de que Deus não dá um fardo maior do que podemos carregar, isso é clichê, mas sempre funcionou para mim. Se eu enfrentei tudo que enfrentei, tinha uma razão. Essa sempre foi minha fé”.

O Secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Mateus Wesp, salientou o quanto a experiência do Diretor do Departamento de Inclusão e Diversidade é importante para Pasta e que já considera que o Fórum é um sucesso. Para Wesp, "já estamos tendo oportunidade de conviver e isso está se dando por ações da secretaria. Se quisermos sair de nós mesmos e buscarmos um encontro, devemos fazer isso cada vez mais num espaço multicultural convivendo com as diferenças e oportunizar, por meio de políticas públicas, um atendimento amplo ao cidadão.

Nos demais discussões sobre a preparação para o Fórum, ficou acordado que é necessário debater sobre as religiões e o meio ambiente e também da inserção desses diálogos nas escolas. As Secretarias de Turismo e da Educação também participaram do encontro. A Setur está fazendo um mapeamento de todas as festas religiosas que acontecem no Estado. Depois, a intenção é apresentar uma proposta para identificar o perfil das pessoas e o impacto no PIB do Estado.

Estavam presentes no encontro os representantes: da Federação Espirita, da Igreja Evangélica Luterana, da Arquidiocese de Porto Alegre, da Igreja Episcopal Anglicana, das religiões afro-brasileiras, da comunidade budista, dos caciques do povo Kaigang e da Secretaria da Cultura (SEDAC).

SJCDH - Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos