Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria de

Justiça, Cidadania e Direitos Humanos

Início do conteúdo

Apenados da Pecan ensinam panificação e confeitaria para imigrantes e quilombolas em Canoas

Publicação:

curso panificação pecan reduzidas gustavo garbino (10)
Os alunos fazem parte de um grupo de 15 pessoas, formado por imigrantes venezuelanos e quilombolas - Foto: Gustavo Garbino/Prefeitura de Canoas

Dois apenados do Complexo Penitenciário de Canoas (Pecan) estão ministrando, de dentro da casa prisional, aulas de panificação e confeitaria. Os alunos fazem parte de um grupo de 15 pessoas, formado por imigrantes venezuelanos e quilombolas do município da Região Metropolitana. As atividades acontecem desde o começo do mês, e os participantes já colocaram, literalmente, a mão na massa, fazendo uma variedade de salgados, bolos e doces. 

A organização das aulas é feita pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), órgão vinculado à Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS), em parceria com a Prefeitura de Canoas e com o Banco de Alimento de Canoas, responsável pela doação dos insumos para a confecção dos produtos.  Na quinta-feira (20), ocorreu uma aula inaugural no local com a presença dos alunos, professores, representantes da Susepe e da administração municipal de Canoas

A capacitação possibilitará a geração de renda no Quilombo Chácaras das Rosas, em Canoas, no qual moram cerca de 20 famílias. O local recebeu doação de equipamentos de uma padaria completa, há cerca de um ano, mas não havia alguém preparado para utilizá-los. Além disso, no primeiro módulo do curso, os participantes tiveram aulas de português, visando aperfeiçoar a comunicação dos estrangeiros aqui no Brasil. 

Os dois apenados foram capacitados na área, em 2021, por meio de curso oferecido via Projeto de Capacitação Profissional e Implantação de Oficinas Permanentes (Procap), do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Agora, no papel de professores, compartilham o conhecimento adquirido com os 15 alunos.

L.R., 40 anos, e E.F.C, de 29, mostram nos rostos, em forma de sorriso, a satisfação e o orgulho, de assumirem o papel de multiplicadores. “Para mim, é um prazer poder participar do curso, ensinando o pessoal. Se o conhecimento ficar só comigo, não serve de nada”, reflete L.R., que já era padeiro antes de ingressar no sistema prisional, tendo aprimorado as técnicas utilizadas na Penitenciária.  

curso panificação pecan reduzidas gustavo garbino (11)
Ambos os detentos devem receber direito à liberdade nos próximos meses e pretendem dar um novo rumo para suas vidas, longe do crime. Para tanto, projetam duas possibilidades: serem contratados como padeiros, função já exercida e remunerada por uma panificadora através de Protocolos de Ação Conjunta (PAC) ou empreenderem. “Podemos até fazer cucas e vender de porta em porta. Com força de vontade, vamos conseguir vencer na vida”, acredita E.F.C.

A Técnica Superior Penitenciária (TSP) Assistente Social da Pecan, Adalgisa Patricio, ressalta a iniciativa como importante. “Estão multiplicando o conhecimento que receberam, aqui dentro, com a sociedade. É um reconhecimento para eles, como se recebessem uma medalha”, sublinha. A profissional acredita na prosperidade dos dois apenados, após o cárcere. “A possibilidade de eles não retornarem para o sistema prisional é de 99%”, avalia. 

Atualmente, dos 2.200 detentos da Pecan, aproximadamente 1.200 exercem alguma atividade laboral. Desses, cerca de 200 são empregados assalariados nas 13 empresas presentes na casa prisional, por meio de PACs. O restante atua em serviços de manutenção e limpeza e  recebem remição da pena de um dia a cada três trabalhados. “Eles saem daqui marceneiros, costureiros, estofadores, dentre outros. São profissões com muitas oportunidades de trabalho depois que ganharem a liberdade”, frisa o diretor do estabelecimento prisional, Loivo Machado. 

Também participaram da aula inaugural do curso o delegado da 1ª Delegacia Regional Penitenciária (DPR), Benhur Calderon, e os representantes do Departamento de Tratamento Penal (DTP), Rosane Garcêz e Marcelo Felipe. Além do secretário de Governança e Enfrentamento à Pandemia de Canoas, Paulo Bogado, e da secretária adjunta de Igualdade Racial e Imigrantes, Ednéa Paim.

Texto: Rodrigo Borba/Ascom Susepe

SJCDH - Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos