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Casef já formou mais de 80 jovens em cursos profissionalizantes

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Adolescentes em aula do curso de Auxiliar de Cabeleireiro, no Casef. - Foto: Luis Francisco Silva - ASCOM/Fase

Na última quinta-feira, 17, G.B.S, de 16 anos, teve extinta sua medida socioeducativa que cumpria na única unidade feminina da Fundação de Atendimento Socioeducativa (Fase). Segundo decisão da justiça, estava livre. Hoje, 22, apenas cinco dias após voltar pra casa, já estava de volta à Fase. Mas se engana quem pensa que estamos falando de uma reincidente. O caso não envolve nenhum tipo de delito, bem pelo contrário. Atualmente, G.B.S vem à Fase, por vontade próprio, atraída pelo desejo de aprender uma profissão.

Uma das 12 meninas inscritas no curso de Auxiliar de Cabeleireiro, que iniciou em fevereiro, G.B.S foi desligada da Fase antes do término das aulas, que será em Agosto. Por incentivo da tia, ela aceitou continuar com sua formação, mesmo depois de voltar pra casa.  O que para alguns pode parecer uma decisão não habitual, para G.B.S, é puro empreendedorismo. “O curso é muito bom. Os exercícios testam sua paciência, porque você tem que repetir até acertar o penteado. E eu tenho que ser boa. Vou abrir um salão de beleza com minha tia, que é manicure. Só estou esperando o meu diploma”, explica a menina que, em seu primeiro final de semana pós Fase, garante já ter feito duas amigas felizes graças aos seus talentos com a dupla chapinha e escova.  

O curso, de 220 horas/aula, ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comércio (SENAC), é realizado graças à parceria da Fase com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Governo Federal. De 2011 até o primeiro semestre de 2014, somente no Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (Casef), mais de 80 meninas concluíram cursos profissionalizantes de Cabeleireiro, Auxiliar de Cabeleireiro, Manicure e Pedicure e Maquiadora. Todas as aulas citadas foram realizadas no salão de beleza da unidade, construído em 2011.

A professora do Senac, Roselaine Bremmo, responsável pela turma de Auxiliar de Cabeleireiro, vê muita vontade,esforço, por parte das adolescentes. “Em comparação com as alunas do curso regular, a turma da Fase é mais jovem. Nas aulas normais, há pré-requisitos como ser maior de 16 anos e ter completado o ensino médio. Para a Fase, nós abrimos uma exceção. E eu estou muito feliz com o interesse delas”, comenta a professora. Ela lembra, também, o reconhecimento por parte das jovens da importância do curso que, realizado de forma particular, custa em torno de R$1.800,00, mais o material.

 

Quando uma tesoura é apenas uma tesoura

“Qualquer curso pode mudar a vida delas. A qualificação profissional, aqui no Casef, muda estas gurias desde o comportamento até a perspectiva de futuro. Elas se descobrem parte de uma sociedade, onde elas se enxergam inseridas, sendo participativas, úteis. E capazes de conquistar o seu próprio dinheiro e sua independência”, declara a diretora do Casef, Luciana Oliveira da Carvalho.

Há três anos à frente da unidade, que é referência de boas práticas no Brasil, Luciana destaca a importância da profissionalização de adolescentes em conflito com a lei não somente devido à inserção no mercado de trabalho, mas, também, como quebra de paradigmas. “Eu cortei o cabelo com uma menina em cumprimento de medida por latrocínio, cometido com uma tesoura. Hoje, ela trabalha em um salão de beleza. Ela soube reconhecer e aproveitar uma oportunidade”, recorda.  

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